Um 1º de outubro que só foi possível por causa do 21 de setembro (Por Chico Alencar)
A aprovação, na Câmara dos Deputados, da isenção e redução do Imposto de Renda, beneficiando cerca de 16 milhões de contribuintes, e taxando um tiquinho 144 mil ricaços, devia ter sido votada há muito tempo
2 out 2025, 18:05 Tempo de leitura: 1 minuto, 18 segundos
A aprovação, na Câmara dos Deputados, da isenção e redução do Imposto de Renda, beneficiando cerca de 16 milhões de contribuintes, e taxando um tiquinho 144 mil ricaços, devia ter sido votada há muito tempo.
Era promessa de campanha de Lula, que o Congresso embarreirava.
Houve uma resistência surda das velhas oligarquias, ainda fortemente representadas no Parlamento. Elas reagem às mínimas alterações na distribuição de riqueza e renda no Brasil.
Dessa vez, tiveram que engolir! Teve muito “sim” insincero na noite de ontem… Será que vão cobrar “compensação” com “anistia” pra golpistas? Pr’aquela unanimidade houve algum acordo de bastidores?
O caminho é longo: nos últimos 20 anos, os que ganham acima de 320 salários-mínimos – ou R$ 400 mil por mês, em valores de hoje – viram as alíquotas caírem de 6,9% para 4,3%, enquanto na faixa de renda menor, a alíquota subiu de 0,22% para 2,66%.
O maior aumento incidiu sobre a classe média (dados do Sindifisco – auditores fiscais). É urgente uma mudança substantiva na tabela do IR!
Demos um primeiro passo para começar a superar nossa histórica desigualdade social.
É costume os deputados se autoelogiarem. A noite de ontem foi farta de aplausos para nós mesmos.
Mas RELEMBREMOS: essa votação, em meio a tantos retrocessos, só aconteceu porque o povo acordou e foi às ruas, repudiando “blindagens” e golpistas, cobrando ética pública e medidas de interesse da população.
Não podemos nos acomodar. Pra cima deles, cidadania!
Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados