Tarcísio Motta rebate críticas da direita, defende prova do ENEM e cobra fortalecimento do INEP
Parlamentares ligados à bancada do agronegócio queriam anular questões do exame por considerar que as mesmas "demonizavam" o setor
9 nov 2023, 18:11 Tempo de leitura: 2 minutos, 39 segundosNa última quarta-feira, 8.10, o deputado federal Tarcísio Motta (RJ) participou de audiência pública da Comissão de Educação da Câmara que ouviu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Fernando Palácios. A audiência aconteceu a pedido de parlamentares da oposição e com apoio de parlamentares ligados à bancada do agronegócio, que queriam anular algumas questões do exame por considerar que as mesmas demonizavam o setor.
Palácios vem enfrentando uma série de críticas por conta da primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) aplicada no final de semana passado em todo o país. Ao longo das mais de quatro horas em que ouviu e respondeu aos parlamentares, o presidente do INEP negou que as questões da prova tenham demonizado o agronegócio e afirmou que não há motivos para anular o exame. “O que justifica a anulação de uma questão é o caso de um item não ter uma resposta correta bem construída, ou se ele não produz informação relacionada efetivamente com a habilidade avaliada, que é parte do currículo.”
O deputado federal Tarcísio Motta, que é membro da Comissão de Educação, lembrou que a prova não pedia ao aluno que ele se posicionasse para dizer que o agro é isso ou o agro é aquilo. “As questões pediam que os alunos interpretassem e reconhecessem as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. Uma das questões, inclusive, dizia textualmente que o problema do desmatamento não pode ser só atribuído à soja e nomeia grileiros, madeireiros, pecuaristas como elementos”.
Tarcísio também lembrou que o ENEM é uma prova de seleção. “Nós selecionamos, sobretudo, porque não temos vaga para todos nas universidades públicas, embora a prova do ENEM também seja usada hoje para vagas nas universidades privadas. Mas selecionar como? Esta pergunta é uma pergunta que mobiliza debates, estudos, durante muitos anos. Na verdade, há um caminho a ser percorrido”, disse Tarcísio.
Esse caminho a ser percorrido, afirmou Tarcísio, começa com uma matriz curricular e a partir daí produz-se uma seleção de elaboradores e revisores, além de um banco nacional de itens que são pré-testados e só então podem entrar ou não numa prova. “Esses itens, que no meu tempo de escola chamávamos de questões, têm regras, têm formas que precisam ser seguidas, senão eles não vão para a prova”. Há, portanto, todo um procedimento que me parece muitas vezes deliberadamente ignorado pelos deputados que resolveram fazer disso um palco para os seus discursos, esses sim, ideológicos e meramente ideológicos sem que se reconheçam sobre isso.
Tarcísio aproveitou para lembrar que já está mais do que na hora de se discutir um plano de carreira, um novo concurso público, além do fortalecimento institucional do INEP.
Foto: Vinícius Loures / Câmara dos Deputados