Tarcísio Motta depõe em audiência que pede a cassação do deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco
PSOL era "verdadeiro obstáculo" aos interesses das milícias
11 jul 2024, 12:30 Tempo de leitura: 2 minutos, 23 segundosNa tarde da última terça-feira, 9, o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), prestou depoimento no Conselho de Ética da Câmara no caso que envolve o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Tarcísio foi indicado pela relatora do processo, a deputada Jack Rocha (PT-ES).
A investigação da Polícia Federal apontou que a principal motivação do assassinato da parlamentar envolve a disputa em torno da regularização de territórios de interesse das milícias no Rio de Janeiro. Durante a audiência, Tarcísio Motta afirmou que Marielle tinha um mandato que olhava para as questões da legislação urbanística da cidade e que a família do acusado domina áreas de atuação de milícia na cidade. “O PSOL se tornou um obstáculo para os interesses políticos e econômicos desses grupos”, afirmou o parlamentar.
PSOL era obstáculo ao interesse político e econômico das milícias
Num dos trechos do seu depoimento, Tarcísio chamou a atenção para o fato de que Brazão havia presidido, durante dez anos, a Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal que tratava dessas pautas, e sempre impediu a presença de parlamentares do PSOL no colegiado. “Quando perguntávamos o porquê de nenhum vereador do PSOL ser indicado para a Comissão, a resposta era que o Chiquinho Brazão não deixava”, afirmou o deputado.
Tarcísio deixou claro em seu depoimento que o PSOL tinha virado um “verdadeiro obstáculo” aos interesses políticos e econômicos das milícias no Rio de Janeiro. “Era notório que a família Brazão tinha fortíssima influência e eram os mais votados em determinados bairros, com cerca de 60% dos votos nessas áreas. Fui candidato a governador do Rio e durante a campanha não podíamos estar em muitos desses territórios dominados pelas milícias. Nem militante podia usar adesivos nesses lugares. Não é de hoje isso”, disse o deputado.
Crime foi tentativa de amedrontar parlamentares do PSOL
Em relação ao assassinato de Marielle, o deputado afirmou que foi uma tentativa de amedrontar e aterrorizar os políticos e parlamentares do PSOL, que eram uma ameaça a atuação das milícias no Rio. “Era para causar terror a quem ousasse enfrentar esse poder político dos milicianos. Marielle, embora estivesse no primeiro ano do seu primeiro mandato, começava a despontar. Ela olhava para a periferia de maneira prioritária e representava a maior ameaça dos interesses das milícias naquele momento”.
Brazão acompanhou a sessão por videoconferência, teve direito a falar, mas preferiu apenas dizer ser inocente e não fez questionamentos à testemunha.
Foto: Renato Araujo/Câmara dos Deputados