Tarcísio Motta: “adiamento da votação do relatório da CPI das Americanas é uma vergonha”
Presidente da comissão suspendeu a sessão da CPI quando percebeu que o relatório 'chapa-branca' apresentado pelo relator seria derrotado
21 set 2023, 18:59 Tempo de leitura: 2 minutos, 15 segundos“Uma vergonha para o parlamento brasileiro”. Foi assim que o deputado federal Tarcísio Motta se referiu ao que aconteceu no final da reunião da CPI das Americanas na última terça-feira, 19, após o presidente da CPI, deputado federal Gustinho Ribeiro (REP-SE), e o relator, deputado federal Carlos Chiodini (MDB-SC), decidirem que a votação do relatório final só aconteça na próxima terça-feira, 26.
“O presidente suspendeu a sessão da CPI das Americanas quando percebeu que o relatório chapa-branca apresentado pelo relator seria derrotado. Semana que vem seguiremos a luta pelo nosso voto em separado, para que os bilionários envolvidos sejam responsabilizados e pela defesa dos trabalhadores e pequenos investidores lesados”, desabafou Tarcísio.
O adiamento se deu já ao final da sessão, quando os parlamentares já aguardavam por mais de uma hora que o relatório fosse discutido e votado em plenário. Tarcísio Motta e Fernanda Melchiona, ambos do PSOL, protocolaram um voto em separado onde responsabilizam o trio de acionistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, as empresas de auditoria externa Pricewaterhouse Coopers e KPMG, além dos bancos.
Para os deputados do PSOL, trata-se do maior escândalo da história do mercado de capitais brasileiro; talvez um dos maiores do mundo. Tarcísio diz que a fraude baseada na maquiagem contábil é consequência dessa cultura empresarial de gestão voltada para a especulação praticada pela 3G Capital (empresa de private equity do trio de acionistas). “Não é uma anomalia, algo fora da curva. É um modus operandi”.
“O que aconteceu na sessão foi uma vergonha para o parlamento brasileiro. Eles sabiam que iam perder o relatório e daí resolveram suspender a reunião e cancelar a discussão e votação. Um absurdo. Eu e Fernanda fizemos de tudo para que essa CPI não acabasse em pizza. Aí, na hora de discutir o relatório, eles adiam a sessão porque não quiseram reconhecer que não tinham a maioria”, afirmou Tarcísio.
Para os parlamentares do PSOL, a CPI quer blindar os três grandes acionistas de qualquer responsabilidade na fraude que lesou principalmente trabalhadores e pequenos e médios fornecedores. O voto em separado – e já protocolado – aponta, inclusive, elementos concretos para o possível conluio dos bancos na fraude, alterando cartas e escondendo operações de crédito. Responsabilizar os maiores bilionários não é defender bancos. “Defendemos que todos os envolvidos sejam responsabilizados e prioritariamente sejam garantidos os direitos sociais dos micro e pequenos fornecedores, entre trabalhadores e pequenos acionistas”, encerra Tarcísio.
FOTO: Vinícius Loures / Agência Câmara