Talíria Petrone realiza audiência pública com artistas e movimentos sociais contra discriminação da cultura negra e periférica
"Cultura não é crime, arte não é apologia, favela não é inimiga e jovens não são ficha corrida", afirmou a parlamentar na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial
10 jul 2025, 13:49 Tempo de leitura: 2 minutos, 21 segundos
A deputada Talíria Petrone (RJ) promoveu na última terça-feira (8), em parceria com o deputado Reimont (PT/RJ), uma audiência pública para debater a criminalização da cultura negra e periférica. No Rio de Janeiro, têm sido recorrentes nos últimos meses os casos de preconceito, criminalização e até prisão de artistas negros do funk e do rap.
A audiência ocorreu na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHIR). Segundo Talíria, que compôs a mesa, artistas e ativistas culturais são penalizados por contarem a realidade em que vivem, realidade que deveria ser observada pelos espaços institucionais para promover direitos e também para fortalecer a cultura.
“Rennan da Penha foi preso acusado de associação ao tráfico e por organizar bailes funk, MC Poze do Rodo acusado de apologia ao crime, Racionais MC perseguidos por letras que denunciavam a violência policial, MCs presos por falarem sobre maconha, cannabis, alvos de investigação por simplesmente contarem suas realidades, estas realidades que deveriam ser observadas pelos espaços institucionais para promover direitos e também para fortalecer a cultura que já é tocada há séculos nesses territórios”, afirmou Talíria.
Para a deputada, o Brasil, mas sobretudo o Rio de Janeiro, vive um processo de condenação da cultura que vem da favela e são os territórios periféricos que têm sido alvo nas sucessivas operações policiais comandadas pelo governador do estado, Cláudio Castro (PL). Apenas a região do Complexo da Maré, na zona norte da capital fluminense, teve 42 dias de operações policiais e 20 mortos em 2024.
“Cultura não é crime, arte não é apologia, funk é vida, samba é raiz, rap é voz. É hora de reverter essa lógica, favela não é inimiga, jovens não são ficha corrida. Samba, capoeira, funk, rap, trap são pulsares que mantêm viva a alma preta deste país. Parte-se do princípio que o ritmo é o problema, e não o Estado, que mata, silencia e exclui”, defendeu Talíria.
O encontro teve também a participação do deputado federal Henrique Vieira (RJ), do deputado distrital Max Maciel (PSOL/DF), da deputada estadual Dani Monteiro (PSOL/RJ), das vereadoras Juhlia Santos (PSOL/BH) e Iza Lourenço (PSOL/BH), de Xandy MC, MacJulia, Katiuscia Ribeiro, do presidente nacional da Nação Hip-Hop Brasil, Negro F., do Secretário de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo (MIR), Tiago Santana, a rapper SharyLaine, do Fórum Nacional para a Elaboração de Políticas Públicas para as Mulheres do Movimento Hip-Hop, vinculado ao Ministério das Mulheres, e a Secretária dos Comitês de Cultura do MinC, Roberta Martins.
Foto: Antonio Araujo / Câmara dos Deputados