Rio Grande do Sul: de descaso, dor e… solidariedade

"A crise climática resulta também da ganância e do individualismo - e é agravada por eles" - Por Chico Alencar

8 maio 2024, 15:31 Tempo de leitura: 1 minuto, 55 segundos
Rio Grande do Sul: de descaso, dor e… solidariedade

Por Chico Alencar

Reconheçamos: a tragédia no RS tem causas profundas, que vão da forma como exaurimos o planeta ao descaso com medidas de prevenção.

Reconheçamos: no imediato, o governo federal tem mobilizado ágil operação para enfrentar a crise e oferecer suporte aos 341 municípios gaúchos atingidos.

Lula liderou uma comitiva de alto escalão – incluindo 13 ministros, presidentes da Câmara, do Senado, do TCU e o vice-presidente do STF – rumo a Canoas-RS, onde estratégias de ajuda humanitária e prevenção foram discutidas. Tudo em parceria com o governo do estado e as prefeituras.

A resposta, ainda em andamento, inclui ações emergenciais em saúde, com instalação de centros de operações e envio de equipes, medicamentos e insumos. São pelo menos 15.118 profissionais militares e agentes atuando 24h por dia, 42 helicópteros, 243 barcos e 2.500 viaturas e equipamentos. Além de um hospital de campanha do SUS funcionando no município de Estrela, mais dois que serão instalados nos próximos dias.

Há antecipação do Bolsa Família em todo o estado, do BPC para 250 mil famílias, liberação de R$10 milhões para auxílio-abrigamento e do Saque Calamidade do FGTS para os atingidos.

Essencial tem sido a solidariedade nacional, com doações de água, alimentos, itens de higiene, roupas e produtos de limpeza. A ajuda de voluntários é forte, comovente e salva vidas.

Por outro lado, canalhas oportunistas aproveitadores também agem, por incrível que pareça. Para esses abomináveis, só cadeia!

A Câmara dos Deputados reconheceu, em tempo recorde (segunda-feira, dia 6), o Estado de Calamidade, que simplifica e agiliza o aporte de recursos. Continuaremos, esta semana, a decidir outras medidas. Sem mesquinharias politiqueiras, apesar de alguns insistirem na baixaria.

É preciso não esquecer, neste momento de agonia, que a crise climática resulta também da ganância e do individualismo – e é agravada por eles.

Para além das ações dos governos e poderes, precisamos cobrar os representantes que negam a crise climática. E, em nome de um “desenvolvimento” insustentável, flexibilizam a legislação ambiental, potencializando, assim, os desastres.

Reconheçamos: a catástrofe é climática, a tragédia é humana, social e política!

Ilustração: Nando Motta