Racismo religioso: Sâmia aciona Ministério Público após PM invadir escola infantil
Além da investigação, deputada pede à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo que faça a identificação dos agentes
19 nov 2025, 12:36 Tempo de leitura: 2 minutos, 34 segundos
*Com informações do Metrópoles
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) pediu que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) investigue o caso dos policiais que entraram armados em uma escola da zona oeste de São Paulo após uma atividade sobre orixás. Os agentes foram acionados pelo pai de uma aluna de 4 anos após ele se incomodar com um desenho da orixá Iansã feito pela filha. Ele também é da corporação.
O documento enviado ao MPSP cita trechos da reportagem do portal Metrópoles, que noticiou o fato em primeiro mão, e argumenta que a conduta dos policiais e do pai da aluna configura racismo religioso e abuso de poder.
A solicitação é assinada por Sâmia em colaboração com a deputada estadual Mônica Seixas e a vereadora Luana Alves, ambas do PSol. Elas pedem, além da investigação, que o Ministério Público solicite a identificação dos agentes para a Secretaria de Segurança Pública (SSP), além de uma cópia da gravação das câmeras corporais dos policiais e do circuito interno da escola.
Desenho de Iansã
Quatro policiais militares armados entraram na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui, zona oeste de São Paulo, após o pai de uma aluna de 4 anos se incomodar com o conteúdo de uma atividade sobre orixás. Um dos agentes portava uma metralhadora.
O homem acionou a Polícia Militar (PM) depois de descobrir que a filha fez um desenho da orixá Iansã. No dia anterior ao ocorrido, ele já havia demonstrado insatisfação com o conteúdo escolar, baseado no currículo antirracista da rede municipal de ensino, e chegou a rasgar um mural com desenhos das crianças que estava exposto na escola, segundo a mãe de um estudante.
Depois do episódio, a direção do colégio indicou que o homem participasse, na quarta-feira, da reunião do Conselho da Escola, prevista para acontecer às 15h. Ele não compareceu ao encontro, mas chamou a PM.
Os policiais, que não fazem parte da ronda escolar, foram até a escola por volta das 16h. Eles teriam dito para a direção da instituição que a atividade escolar configurava “ensino religioso” e destacaram que a criança estava sendo obrigada a ter acesso ao conteúdo de uma religião que não é a da família dela. A abordagem foi considerada hostil por testemunhas.
Segundo uma mãe, que preferiu não ser identificada, os policiais demonstraram “abuso de poder, assustando crianças e funcionários” enquanto estiveram na escola. A situação também teria feito com que a diretora passasse mal.
Os PMs permaneceram dentro da Emei por pouco mais de uma hora. “Foi preciso que um grupo de pais fosse conversar com eles para irem embora”, relatou a mulher. A ação foi gravada pela câmera corporal de um dos agentes e pelo sistema de segurança da escola.