PSOL representa contra deputada Coronel Fernanda no Conselho de Ética por fala aviltante associando irmão da deputada Sâmia Bomfim em discussão sobre PEC das Drogas

O PSOL vai denunciar a deputada Coronel Fernanda (PL/MT) ao Conselho de Ética da Câmara por ter feito menção cruel e aviltante ao assassinato do irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (SP), o médico Diego Bomfim, vitimado num trágico episódio em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no ano passado. A […]

7 jun 2024, 08:49 Tempo de leitura: 4 minutos, 1 segundo
PSOL representa contra deputada Coronel Fernanda no Conselho de Ética por fala aviltante associando irmão da deputada Sâmia Bomfim em discussão sobre PEC das Drogas

O PSOL vai denunciar a deputada Coronel Fernanda (PL/MT) ao Conselho de Ética da Câmara por ter feito menção cruel e aviltante ao assassinato do irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (SP), o médico Diego Bomfim, vitimado num trágico episódio em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no ano passado. A agressão aconteceu durante sessão na Comissão de Constituição de Justiça sobre a PEC 45, que propõe a criminalização da posse ou do porte de qualquer quantidade de droga, ocorrida na terça (04.06).

A deputada Sâmia Bomfim havia solicitado a retirada do projeto de pauta e defendeu que o tema deveria ser tratado como assunto de saúde pública, que é, e não de polícia. Durante sua fala, ela criticou o deputado Ricardo Salles (PL/SP), que é autor do relatório a favor da emenda à Constituição e também réu por exportação ilegal de madeira. “Muito me espanta esse relatório ser feito por um traficante de madeira querendo criminalizar o usuário”, disse.

Nesse momento, a deputada Coronel Fernanda pediu à presidente da comissão que retirasse a fala da ata da reunião. Na tentativa de ofender e tripudiar a deputada do PSOL, ela insinuou relações com traficantes e foi desrespeitosa com a memória de seu irmão. “Se ela está tratando com traficante, ela tem que conversar com o pessoal lá do morro do Rio, que cometeu crime gravíssimo e ela sabe qual que eu estou falando. Respeito é bom e a gente gosta”, declarou a parlamentar, surpreendendo os presentes e o público das redes em geral pelo nível grotesco da abordagem.

Em resposta e compreensivelmente indignada, Sâmia Bomfim respondeu que uma pessoa tem que ter “moral de lixo” para usar o caso de seu irmão em uma discussão sobre a descriminalização das drogas. Ela destacou que a PEC favorece o crime organizado e que o Comando Vermelho seria o principal beneficiário. “Tenha respeito pelo luto da minha família e responda a sociedade por ajudar a alimentar o crime organizado, que traz dor para tantas famílias brasileiras como a minha”, rebateu.

No texto da representação, a bancada e a presidente do PSOL afirmam que a deputada Coronel Fernanda “desonrou o cargo para o qual foi eleita, abusando das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e irregularidades a seguir expostas, e entrando no rol de sanções previstas no artigo 10, inciso IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados”. Não é a primeira fala absurda da parlamentar. Em agosto de 2023, fez fala transfóbica na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados: “Não é discriminar, mas mulher é mulher. A mulher biológica, ela não pode ser preterida e nem ser, dividir espaço com uma mulher trans, seja o que for. Mulher é mulher”.

Indignação
“Uma tragédia pessoal que causa tanta dor como a que aconteceu com o meu irmão e a minha família não deve nunca ser utilizada como provocação em nenhuma discussão política, em nenhum contexto. A deputada passou de todos os limites éticos, morais e humanos ao fazer isso. Por isso, estamos sim estudando medidas jurídicas e também representando no Conselho de Ética. A extrema direita abriu a tampa do esgoto da imoralidade e da desumanidade. Vimos conduta semelhante quando Bolsonaro caçoava das pessoas doentes de Covid 19. São valores que não são compartilhados, eu tenho certeza, pelas famílias brasileiras, e não é o que se espera de uma figura pública. A gente vai até o fim exigindo a responsabilização da deputada”, declarou Sâmia Bomfim.

“São intoleráveis as declarações da deputada em questão, que se utiliza da trágica execução do irmão da companheira Sâmia Bomfim para fazer disputa política na Câmara. Nós, do PSOL, não permitiremos que sua moral de esgoto, como bem disse Sâmia, passe impune em mais esse ataque”, afirma a líder do PSOL, Erika Hilton (SP).

A presidente do PSOL, Paula Coradi, também se indignou com o episódio. “Na falta de argumentos, mais uma vez, a deputada bolsonarista mostra todo seu notório baixo nível ao atacar nossa deputada Sâmia, em uma discussão sobre um tema tão importante, que é a PEC 45. Quem já defendeu abertamente a atuação das milícias e seus filhos já condecoraram milicianos são os aliados da deputada Cel. Fernanda. O PSOL não vai tolerar esse tipo de argumentação vil, desonesta e truculenta no Parlamento”, disse.