PSOL representa contra Bolsonaro, Milton Ribeiro e pastores envolvidos em esquema de favorecimento de verbas

Representação foi protocolada no TCU, MPF e PGR. Para a líder Sâmia Bomfim, o gabinete paralelo da Educação afeta diretamente a distribuição dos recursos do FNDE.

22 mar 2022, 13:43 Tempo de leitura: 1 minuto, 59 segundos
PSOL representa contra Bolsonaro, Milton Ribeiro e pastores envolvidos em esquema de favorecimento de verbas

De acordo com as reportagens do Estadão e da Folha de S. Paulo, nenhum dos religiosos têm cargos públicos mas têm autorização para negociar verbas diretamente com o ministro por um “pedido especial” do presidente, num verdadeiro gabinete paralelo da Educação

A bancada do PSOL na Câmara protocola hoje representação no Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) contra o presidente Bolsonaro, o ministro pastor Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Segundo reportagens veiculadas pelos jornais Estadão e Folha de S. Paulo, os dois religiosos têm, “ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia”.

Em sua matéria desta terça (22.03), a Folha traz uma gravação do ministro Milton Ribeiro, também pastor, afirmando que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores – que não têm cargo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC (Ministério da Educação). Milton Ribeiro diz que isso atende a um “pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos. Os recursos são geridos pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do MEC controlado por políticos do centrão.

“A troco de que esses dois pastores, que não têm cargo no governo federal e não ocupam função pública, estariam legitimados pelo presidente Bolsonaro como interlocutores de prefeitos junto ao gabinete do ministro da Educação, que também é chefiado por um pastor? Temos o direito de saber qual a verdadeira história por trás desse trânsito livre e incidência direta em dinheiro público. O ‘gabinete paralelo da Educação’, criado pelo governo Bolsonaro, afeta diretamente a distribuição dos recursos do FNDE.  Estamos protocolando representações para apurar indícios de crimes de responsabilidade e improbidade administrativa”, declara a líder do PSOL, Samia Bomfim (SP).

Foto: Fábio Rodrigues / Agência Brasil