PSOL quer que ministro Braga Netto esclareça denúncia sobre exercício de operação militar contra “militantes” e “grupos de esquerda”

Documento traz informações sobre uma simulação em que candidatos a forças especiais do Exército combateriam uma “organização armada clandestina”.

7 dez 2021, 15:51 Tempo de leitura: 1 minuto, 52 segundos
PSOL quer que ministro Braga Netto esclareça denúncia sobre exercício de operação militar contra “militantes” e “grupos de esquerda”

A bancada do PSOL na Câmara protocola hoje à tarde um Requerimento de Convocação de resposta obrigatória endereçado ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para que dê esclarecimentos sobre uma operação militar denunciada pelo site The Intercept Brasil.

Segundo a reportagem, o exército realizou em 2020 uma simulação em que candidatos a integrar a sua tropa de elite tiveram de combater uma “organização armada clandestina”. No texto que apresenta o exercício, a força explica que o inimigo fictício surgiu “de uma dissidência do Partido dos Operários”, o “PO”, que “recruta e treina militantes do MLT”, o “Movimento de Luta pela Terra”.

Um dos questionamentos a serem feitos ao ministro é por que razão o exercício a que os oficiais do Exército se submetem para ingressar em suas Forças Especiais coloca movimentos sociais e políticos de esquerda ou de oposição como “inimigos” a serem combatidos com poderio militar.

“É inconstitucional e alarmante que os inimigos a serem combatidos no treinamento para as Forças Especiais do Exército brasileiro sejam caracterizados como movimentos sociais e organizações de esquerda. A narrativa remonta à retórica que justificou o golpe de 1964 e as atrocidades da ditadura que se instaurou, vinculando a esquerda e a imprensa a inimigos fictícios e treinando os militares brasileiros a combatê-las”, afirma o documento do PSOL.

Batizada de Operação Mantiqueira, a atividade teria sido realizada em novembro do ano passado no município de Piquete (SP), que tem menos de 15 mil habitantes e é sede de uma das mais antigas unidades da Imbel, a Indústria de Material Bélico do Brasil, uma estatal vinculada ao Exército.

De acordo com a denúncia, teriam participado da Operação Mantiqueira sargentos de carreira e oficiais do Exército que eram alunos do Centro de Instrução de Operações Especiais, o CIOpEsp, localizado em Niterói, cidade da região metropolitana do estado do Rio. Teria sido a última atividade do curso que serve como vestibular para o ingresso nas Forças Especiais, e 17 teriam sido aprovados para trabalhar no Batalhão de Forças Especiais, o BFEsp, sediado em Goiânia.

Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil