PSOL quer que Itamaraty explique o fato de o Brasil bancar a maior comitiva da COP26, sem que a lista de escolhidos inclua nenhum representante indígena, quilombola, nem de ONGs ambientalistas
Requerimento questiona ministério sobre os custos e a justificativa da ida de pelo menos 57 pessoas que sequer integram qualquer âmbito de governo municipal, estadual ou federal, entre outros detalhes
10 nov 2021, 13:56 Tempo de leitura: 2 minutos, 19 segundosDe acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, a delegação do Brasil é a maior da COP26, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, com 479 membros, número que supera até mesmo o Reino Unido, anfitrião do encontro em Glasgow, na Escócia.
Um Requerimento de Informações assinado pelas deputadas Vivi Reis (PA) e Samia Bomfim (SP) foi protocolado nesta terça-feira (09.11) no Ministério das Relações Exteriores solicitando esclarecimentos e pedindo a lista de representantes, o custo total da comitiva, a agenda realizada na COP, a justificativa para que esses 400 nomes fossem incluídos e as razões pelas quais não incluíram representantes de entidades ambientalistas, indígenas e quilombolas.
“Pela própria característica da delegação, formada por empresários e representantes do agronegócio, além de pessoas do governo, fica evidente para quem o Estado brasileiro está elaborando as suas políticas ambientais”, afirma a deputada Vivi Reis.
Em Glasgow desde o último dia 05, a deputada do PSOL tem sido uma voz da Amazônia nas agendas da COP26 e, nesta terça-feira (09), durante a realização da Assembleia Mundial pela Amazônia, mais uma vez terá a oportunidade de não apenas denunciar os problemas da Amazônia, mas apresentar soluções pautadas no incentivo à agroecologia como parte de uma política de segurança alimentar, diante do avanço da fome no país, e com incorporação de tecnologias sociais das comunidades amazônicas. Impossível discutir mudanças climáticas sem que haja protagonismo dos povos tradicionais.
Como integrante da delegação do PSOL na Escócia, Vivi tem como estratégia estabelecer laços que ajudem a construir, a partir das necessidades dos povos da Amazônia e do Brasil, uma alternativa com bases ecossocialistas. “Existe também um problema no modelo econômico de exploração dos recursos e isso precisa ser revisto. A emergência climática e as suas consequências em todo o mundo são marcadas por questões de gênero, raça e classe que impactam desproporcionalmente nos países do Sul Global. Estar em diálogo com lideranças sociais é fundamental para reverter essa lógica”, explica a deputada.
Segundo a Folha, a lista inclui pelo menos 57 nomes que não pertencem a nenhum âmbito de governo – federal, estadual ou municipal– nem a casas legislativas. São empresários e representantes de associações corporativas, ligados à indústria e ao agronegócio.
“Além dos defensores de interesses privados, também estão credenciados como parte da delegação oficial as primeiras-damas do Acre, do Amazonas, do Pará, de Mato Grosso e de Salvador, duas recepcionistas, dois fotógrafos e uma bartender”, afirma a reportagem.