PSOL quer explicações sobre destruição do memorial do Jacarezinho por policiais do RJ

Ofício da bancada foi enviado ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, após o memorial em lembrança às vítimas da chacina, ocorrida há um ano, ser destruído por agentes - que usaram marretas e até um caveirão

13 maio 2022, 15:52 Tempo de leitura: 2 minutos, 28 segundos
PSOL quer explicações sobre destruição do memorial do Jacarezinho por policiais do RJ

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou, na tarde de quinta-feira, 12/5, ofício ao governador e também à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, para que esta reforce as cobranças e solicite esclarecimentos às autoridades competentes do Estado do Rio do Janeiro.

No último dia 11/5, policiais usaram um caveirão e marretas para derrubar e destruir o memorial erguido por moradores da comunidade. Em nota, a Secretaria da Polícia Civil alegou que o memorial era ilegal e que fazia “apologia ao tráfico de droga”. A chacina do Jacarezinho aconteceu em 6 de maio de 2021 e decorreu da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Ao todo, a incursão deixou 28 mortos.

Os parlamentares afirmam, no documento, que “É tristemente simbólica a destruição de um memorial dedicado à memória da chacina e de uma operação policial desastrosa”.

No ofício enviado a Castro, com inúmeros questionamentos, os parlamentares indagam se houve ordem ou autorização, por parte do governo do Estado, para que a Comunidade do Jacarezinho fosse ocupada por agentes públicos para que a demolição do memorial acontecesse. Os deputados também perguntam quais são os níveis hierárquicos e os respectivos responsáveis pelo planejamento e autorização da demolição. Eles querem saber ainda qual o fundamento legal que embasou a ação e qual foi o protocolo operacional de autorização adotado pelos policiais, além de quantos agentes foram mobilizados e o custo da operação.

“A destruição do memorial dos vitimados pelo massacre do Jacarezinho mostra que a retórica virulenta empregada pelo Presidente Jair Bolsonaro e pelo Governador Cláudio Castro se transforma, na base, em prática violenta e intimidadora, protagonizada pelo braço de segurança do Estado, que deveria estar ali para proteger as cidadãs e os cidadãos da comunidade”, destaca o ofício.

O documento também traz dados sobre a violência no Estado: “segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, dos 4.653 tiroteios registrados no ano de 2021 no estado fluminense, 1.354 deles (29%) aconteceram durante ações e operações policiais. O número representa um aumento de 15% em comparação com 2020, que concentrou 1.177 dessas ocorrências”, aponta.

Para a deputada Talíria Petrone, do Rio de Janeiro, o governador deve explicações sobre o ocorrido:

“O que a Polícia Civil do Rio de Janeiro fez, ao destruir o monumento criado por moradoras e moradores em memória das 28 pessoas assassinadas na chacina do Jacarezinho, é de uma violência absurda e comprova como o racismo está entranhado nas instituições brasileiras. Uma lógica em que o Estado não chega nas favelas com políticas públicas, mas com truculência para matar e destruir a memória daquelas populações. Não vamos esquecer. O governador do Rio precisa dar explicações”!

[Imagem/Foto: Reprodução CNN]