PSOL e suas parlamentares são o principal alvo da violência política hoje

Em reunião, parlamentares do partido de vários estados e municípios, vítimas de violência e ameaçadas de morte, elaboraram documento às instituições brasileiras e internacionais

8 jul 2022, 18:17 Tempo de leitura: 3 minutos, 28 segundos
PSOL e suas parlamentares são o principal alvo da violência política hoje

Um documento que seguirá pra diversas instituições brasileiras e internacionais foi elaborado na quinta-feira (7/7) durante uma reunião de quatro horas, com a participação de mais de 20 parlamentares eleitas pelo PSOL, que sofrem ameaças de morte e agressões, a maioria mulheres. O encontro foi marcado por relatos de racismo e LGBTfobia. O ofício clama por eleições seguras e pede iniciativas concretas de proteção e combate à violência política.

Estavam presentes também representantes de diversas entidades da sociedade civil que estão subsidiando o partido com estudos e análises sobre violência política, como o Justiça Global, Front Line Defenders e Instituto Marielle Franco.

No encontro, as parlamentares – entre vereadoras, deputadas estaduais e federais – relataram inúmeros casos de assédio, agressões, ameaças de morte, tentativas de atentados interceptados e perseguição que vêm enfrentando. A preocupação se estende às assessorias e militâncias.

A reunião foi uma iniciativa da Secretaria de Segurança Militante – recém criada pela executiva nacional do partido para dar tratamento aos inúmeros e crescentes casos sofridos por seus correligionários e militantes – em parceria com a Liderança do PSOL na Câmara dos Deputados.

As violências de gênero e raça e a lgbtfobia predominam. Entre os relatos, se destacam o aumento do esgotamento e do adoecimento mental dessas autoridades e de suas famílias por consequência, que vêem as violências que sofrem serem negligenciadas e minimizadas e, muitas vezes, não sabem mais a quem recorrer. Mesmo que todos os casos tenham sido denunciados – alguns já são inquéritos em andamento – , essas violências se multiplicam à medida que não há a responsabilização devida aos agressores.

O ofício, assinado por essas parlamentares, será encaminhado ao STF, TSE, OAB, CNJ, PGR, Procuradoria Eleitoral (PGE), presidências da Câmara e do Senado, presidências das Comissões de Direitos Humanos das duas Casas, e também seguirá para a ONU e OEA.

No texto, as parlamentares enfatizam que a galopante violência política contra um partido político (até então jamais vista desde a redemocratização), via seus representantes eleitos e atuantes em vários municípios e Estados do Brasil, compromete a integridade da própria democracia.

“A realidade é que, em nossa sociedade, em especial no caso das mulheres – em maior ou menor intensidade – nenhuma é poupada por essa forma de opressão que tem como objetivo final sua exclusão dos espaços de poder e decisão. Essa violência passa a se manifestar como obstáculos que as desencorajam a participar de processos eleitorais, dificultando, reduzindo ou mesmo eliminando suas possibilidades de serem eleitas, e afetando o caráter plural, inclusivo e representativo que as democracias devem aspirar. Por outro, para as eleitas, essa mesma violência torna muitas vezes insuportável ou inviável no exercício do mandato”, diz um dos trechos do ofício que seguirá anexado de um memorial onde constam todos os casos de ameaças e violências sofridas, de cada parlamentar, e seus desdobramentos.

“O Estado precisa dar uma resposta sobre o avanço da violência contra a nossa presença na política. Somos mulheres eleitas democraticamente e corremos o risco de não conseguirmos exercer nossos mandatos. Não é razoável que tantas de nós sejamos alvo de ameaças às nossas vidas e que o poder público não tome medidas efetivas para parar essa onda. Os espaços da política precisam acostumar com a nossa presença, porque nós chegamos para ficar. Eles não toleram nossos corpos, nossa política, nossas ideias e nossa radicalidade, mas também precisam saber que não nos calarão. Não farão mais política sem nós e esperamos ações concretas do Estado!”, declarou a deputada federal Talíria Petrone, que necessita de escolta, já pela segunda vez, após o Disque-Denúncia encaminhar novas ameaças à Câmara dos Deputados.

[Foto: Renan Olaz / CMRJ]]