PSOL ajuíza ADPF no STF alegando violação de direitos de pessoas trans por resolução do CFM

Na ação, o partido objetiva garantir o acesso adequado e constitucionalmente válido a tratamentos de saúde para pessoas trans

6 maio 2025, 13:08 Tempo de leitura: 2 minutos, 12 segundos
PSOL ajuíza ADPF no STF alegando violação de direitos de pessoas trans por resolução do CFM

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ajuizou, na última sexta-feira (02/05), uma ADPF no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Resolução nº 2.427, de 8 de abril de 2025, do Conselho Federal de Medicina (CFM). A ação questiona a constitucionalidade dessa resolução, que disciplina os critérios éticos e técnicos para o atendimento de pessoas com incongruência e/ou disforia de gênero.

O PSOL alega que a resolução do CFM impõe restrições desproporcionais e anticientíficas ao acesso de pessoas trans a terapias afirmativas de gênero. O partido argumenta que essas restrições violam princípios constitucionais fundamentais, como a dignidade da pessoa humana, o direito à saúde, o direito à identidade de gênero e o direito à proteção integral da criança e do adolescente.

Em essência, o PSOL busca a declaração de inconstitucionalidade da Resolução do CFM, visando garantir o acesso adequado e constitucionalmente válido a tratamentos de saúde para pessoas trans. A ação é assinada pela líder da bancada, deputada Talíria Petrone (RJ), pela deputada Erika Hilton (SP), primeira de parlamentar trans da Câmara federal, e pela presidente nacional do partido, Paula Coradi.

“O CFM vem sendo aparelhado pela extrema-direita e pauta suas ações de modo a negar a ciência e os direitos às pessoas trans. Por isso, entendemos a necessidade de ingressar com a ADPF para que a ciência e os direitos humanos, e não as opiniões políticas, norteiem as orientações do Conselho”, comenta Paula Coradi.

Para a líder Talíria Petrone, a resolução do CFM é uma grava violação aos direitos humanos de milhares de brasileiras e brasileiros. “O CFM, que na pandemia agiu de forma negacionista, agora segue uma cruzada anti-trans , patologiando as identidades trans e impondo barreiras à hormonioterapia e ao processo transexualizador. Não podemos nos calar diante da transfobia”.

A Resolução anterior (nº 2.265/2019) estabelecia um modelo de atenção integral, baseado em um Projeto Terapêutico Singular, a ser elaborado por equipe multiprofissional e interdisciplinar, com o objetivo de assegurar atendimento individualizado, acolhimento humanizado e acesso progressivo à hormonioterapia e aos procedimentos cirúrgicos, respeitando a autonomia do indivíduo e a evidência científica vigente.

Esse marco normativo refletia, ainda que com ressalvas, os avanços científicos internacionais, alinhando-se à CID-11 da Organização Mundial da Saúde (OMS), que retirou a incongruência de gênero do rol das patologias mentais, e às práticas de promoção da saúde integral para pessoas trans, conforme diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral LGBT do SUS.