PL DAS SAIDINHAS: O fim das saídas temporárias não resolve o problema nem diminui os indicadores de criminalidade

Deputado Pastor Henrique Vieira é favorável ao arquivamento do projeto

23 fev 2024, 12:11 Tempo de leitura: 2 minutos, 40 segundos
PL DAS SAIDINHAS: O fim das saídas temporárias não resolve o problema nem diminui os indicadores de criminalidade

Aprovado no Senado com 62 votos favoráveis e apenas dois contrários, o projeto de lei que prevê o fim das saídas temporárias para detentos em datas comemorativas, popularmente chamadas de saidinhas, volta à Câmara dos Deputados. Embora o Planalto seja contra a proposta, a avaliação entre lideranças governistas é de que não há como impedir a aprovação do texto entre os deputados. Em agosto de 2022, quando passou pela Casa, o projeto recebeu 311 votos favoráveis e 98 contrários.

Vice-líder do governo na Câmara e principal articulador da bancada na pauta da segurança pública, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) acredita que o texto passará com facilidade e será enviado à sanção do presidente Lula. Na avaliação dele, mesmo que Lula vete a lei, o Congresso tem votos suficientes para restabelecer sua decisão.

As saídas temporárias estão previstas na Lei de Execução Penal (LEP) e concedidas a detentos em regime semiaberto, com cumprimento de um sexto a um quarto da pena a depender de seus antecedentes criminais e histórico de bom comportamento. A sua extinção é tema de um longo debate no Congresso Nacional, mas ganhou força em janeiro de 2023 quando um sargento da Polícia Militar de Minas Gerais morreu em uma operação em busca de um detento que não havia retornado após a saída de ano novo.

Henrique Vieira é favorável ao arquivamento do projeto e à manutenção das saidinhas na forma como estão previstas na LEP. Suas expectativas, porém, são de pessimismo quanto ao andamento dos debates na Casa. “É importante entender a correlação de forças no Congresso, especialmente nas pautas de segurança pública e especialmente nas pautas penais”, apontou.

Demais membros da bancada do governo na Câmara também acham improvável conseguir impedir a aprovação do projeto. Mesmo em caso de veto, o próprio Pastor Henrique Vieira demonstra pessimismo. “Nós vamos trabalhar para manter o veto, mas pode ser que a gente não consiga”, afirmou. A extinção das saidinhas é um tema prioritário na agenda da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala, cuja composição atual beira a metade da Câmara dos Deputados.

Vieira reforça o entendimento de que as saidinhas possuem critérios bem estabelecidos em lei, e configuram um aspecto importante do processo de ressocialização de detentos. “Quando infelizmente acontece de um apenado não voltar para a cadeia ou cometer um crime, isso não pode obviamente ser normalizado ou banalizado. Mas esses fatos não podem tirar de vista o sentido geral das saídas temporárias”, criticou.

O congressista teme que, com o avanço do PL das saidinhas, a tendência a longo prazo seja de piora nos índices de violência no país. “Essa lógica que sempre aposta em soluções mais pesadas, no fundo não resolve o problema e não diminui os indicadores de criminalidade”, declarou. A próxima votação do projeto na Câmara será a última antes de seu envio ao Planalto.