Erika Hilton e PSOL fazem história ao realizar a primeira sessão do Congresso Nacional presidida por deputada trans

Parlamentar do PSOL rompe com o conservadorismo ao presidir Sessão Solene em homenagem a Marielle Franco

15 mar 2023, 17:37 Tempo de leitura: 2 minutos, 6 segundos
Erika Hilton e PSOL fazem história ao realizar a primeira sessão do Congresso Nacional presidida por deputada trans

A Sessão Solene que marcou os cinco anos sem Justiça pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, realizada nesta quarta-feira (15.03), se tornou também um marco por ter sido a primeira presidida por uma deputada trans. Quase duzentos anos depois de criada, a Câmara dos Deputados teve Érika Hilton (PSOL/SP) à frente dos trabalhos, acompanhados e prestigiados por um grande e diverso público que compareceu ao Plenário da Casa a partir das 10h. Um momento único entre o Brasil-Império e o Brasil com legislaturas de parlamentares de perfil majoritariamente conservador.

“Ser a primeira travesti a presidir uma sessão da Câmara Federal brasileira é a história sendo feita, ainda que tardiamente. Que essa sessão tenha sido ferramenta de pressão política para que seja elucidado o bárbaro crime contra Marielle e Anderson, que completa 5 anos, considero ainda mais simbólico e importante. Marielle era inclusão, pluralidade, energia, e creio que a Sessão Solene de hoje deu conta de demonstrar seu espírito e sua luta, até vive em nós”, afirmou Erika.

Marielle: cinco anos sem respostas

“Desde 2018, em diversas partes do mundo, entre universidades, praças, casas legislativas e favelas onde Marielle tem sido homenageada de muitas maneiras, pergunta-se diariamente: ‘quem mandou matar Marielle e Anderson? E por quê?’”, indagou Erika Hilton, autora do requerimento da homenagem.

Foi a primeira vez que a homenagem que acontece anualmente recebeu as presenças de autoridades do governo federal. A irmã de Marielle e hoje ministra da Igualdade Racial estava presenta, ao lado do ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, e de Vinicius Carvalho, ministro da CGU.

Com o plenário tomado de girassóis, Anielle Franco, emocionou-se ao falar de Marielle. “Ainda é difícil para mim falar dela no passado, mas ela continua sendo para mim, força, pluralidade e afeto. E ela sempre fez política da melhor maneira possível, sempre me inspira e vai ser minha líder para sempre. Enquanto a gente tiver forças e sangue, vai lutar para manter a memória e o legado dela”.

O ministro Sílvio Almeida, relacionou a elucidação do crime com a democracia: “Não existe a possibilidade de o Brasil superar a desigualdade, o autoritarismo e avançar como uma sociedade verdadeira e democrática, superando o racismo, se não nos comprometermos, enquanto sociedade, com a elucidação do assassinato de Marielle Franco”, declarou.

Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados