Pastor Henrique Vieira afirma que sua fé reforça a defesa de mulheres e meninas
Vice-líder do governo na Câmara se une ao Padre João contra projeto antiaborto
21 jun 2024, 11:29 Tempo de leitura: 2 minutos, 24 segundosA proposta do projeto de Lei 1904/2024 entrou em regime de urgência de votação, mas houve reação e o projeto ainda não tem data para ser levado ao plenário. Alguns veem a proposta como radical, outros como justa.
Caso o projeto seja aprovado pelos parlamentares, o aborto realizado após 22 semanas de gestação será punido com reclusão de seis a 20 anos em todos esses casos e também no caso de gravidez resultante de estupro. A pena é a mesma prevista para o homicídio simples.
O projeto uniu duas lideranças cristãs que ocupam assentos na Câmara dos Deputados e professam sua fé por meio de doutrinas distintas: o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e o Padre João (PT-MG).
Henrique Vieira questiona o fato do deputado e pastor Sóstenes (PL-RJ) ter afirmado que a proposição é também uma forma de testar o compromisso firmado pelo presidente Lula (PT) com os eleitores evangélicos. “Deixe-me ver se compreendi corretamente: parlamentares da bancada evangélica vão apostar a vida de mulheres e meninas vítimas de estupro para ‘testar o presidente da República’?”, questiona Vieira.
O deputado Padre João, por sua vez, se insurge contra o ponto da proposta que prevê uma punição maior a mulheres estupradas do que para seus estupradores, caso o texto seja aprovado como está.
O projeto coloca um teto de 22 semanas para a interrupção da gestação e estipula que uma vítima de abuso sexual que opte pelo procedimento acima do prazo sofra reclusão de seis a 20 anos. Já a pena prevista para estupro no Brasil é de seis a 10 anos. Quando há lesão corporal, de oito a 12 anos.
Na tarde de quarta-feira (19), Henrique Vieira se uniu a mulheres que protestavam contra a proposta na entrada da Câmara dos Deputados, em Brasília. O deputado, que faz um contraponto a colegas que integram a bancada evangélica, afirma que parlamentares que defendem a proposta deveriam sentir “vergonha por tamanha brutalidade”, acrescentou ainda que “O fundamentalismo religioso está usando o ‘nome de Deus’ para fazer um tipo hediondo de populismo religioso que, no fundo e no fim, profana a dignidade humana e a sacralidade da vida de cada brasileira neste país”, afirma o vice-líder do PSOL na Câmara.
“Quero dialogar com o povo de fé, com a crença popular e com meus irmãos e irmãs na base para mostrar que o fundamentalismo leva à cruz. Jesus de Nazaré foi preso, torturado e morto por moralistas que se achavam cidadãos de bem. É a mesma lógica que hoje, em nome de Cristo, violenta meninas e mulheres. Nosso mandato segue do lado da democracia, da diversidade, dos direitos humanos e das mulheres para enfrentar o extremismo político e religioso no Brasil!”, finaliza o pastor.
Foto: Yara Martins