Não é guerra, é extermínio (Por Chico Alencar)
"Durou pouco o sossego em Gaza. Em atitude unilateral, Israel rompeu o cessar-fogo nessa segunda-feira (17) e atacou várias cidades da Faixa de Gaza"
20 mar 2025, 13:03 Tempo de leitura: 1 minuto, 49 segundos
Durou pouco o sossego em Gaza. Em atitude unilateral, Israel rompeu o cessar-fogo nessa segunda-feira (17) e atacou várias cidades da Faixa de Gaza. O acordo com o grupo palestino Hamas estava em vigor desde 19 de janeiro e a primeira etapa havia terminado em 1º de março. As conversas para as etapas seguintes estavam em andamento.
Segundo autoridades palestinas, o número de mortos é de 400 pessoas, a maioria jovens, mulheres e idosos.
O cessar-fogo, negociado em janeiro, estava previsto para ocorrer em três fases: começaria com uma troca de reféns por palestinos presos em Israel e evoluiria para um processo de paz duradoura e retirada total das forças israelenses de Gaza.
O Estado judeu, com o apoio dos EUA, no entanto, mudou de posição e tentou patrocinar a ideia de uma extensão da primeira fase (que previa apenas a troca de reféns e trégua dos combates) até abril, com a total libertação dos reféns — o que o Hamas rejeitou, sob argumento de que não teria garantias de que os combates não seriam retomados em seguida.
O impasse nas negociações levou aos ataques de Israel – uma tentativa de quebrar a resistência do Hamas à nova proposta.
O Fórum de Reféns e Famílias de Desaparecidos, entidade da sociedade civil israelense que representa as famílias dos reféns mantidos em Gaza, condenou os ataques. O grupo disse que “o governo israelense decidiu desistir dos reféns”.
O Hamas pediu que Israel fosse considerado “totalmente responsável por violar e anular o acordo”.
Dado o histórico do conflito e o recente apoio declarado de Trump, que já declarou que os Estados Unidos querem tomar o controle da área, realocar os palestinos nos países vizinhos e criar no local uma “Riviera do Oriente Médio”, o prenúncio é de que a guerra seja retomada, com ataques massivos e desproporcionais de Israel, em jornadas cada vez mais agressivas contra os palestinos, provocando a morte indiscriminada de centenas de civis, fato que já vem ocorrendo desde o início do conflito.
Isso não é guerra, é um extermínio deliberado.
Foto: Lucas Sousa