Jamais esqueçamos da antirrosa atômica! – Por Chico Alencar

“Crianças mudas telepáticas
Meninas cegas inexatas
Mulheres rotas alteradas”

80 anos se passaram desde que os EUA atacaram o Japão, em Hiroshima e Nagasaki, com bombas atômicas. O que a humanidade aprendeu durante essas oito décadas? Qual espaço no nosso mundo para quem não é “sócio” do “Clube Atômico”?

Os versos de Vinicius de Moraes (1913-1980), eternizadas musicalmente pelos Secos & Molhados (1974), apesar da potência lírica, não dá conta da destruição perpetrada por esse crime bárbaro contra a humanidade. A imagem do “inferno na Terra”, segundo muitos sobreviventes, conhecidos como “hibakusha”.

Foram mais de 100 mil mortes imediatas após os ataques, que se juntaram a mais de 100 mil por feridas e sequelas ainda nos meses próximos. Nos anos subsequentes, milhares desenvolveram doenças graves como leucemia e outros tipos de câncer, além de doenças degenerativas, decorrentes da radiação constante, indo a óbito.

Até os dias de hoje, 80 anos depois, são contabilizados milhares de sobreviventes com sequelas físicas e psicológicas. O que eles dizem? “Nada foi aprendido com a nossa experiência, e corremos um risco maior hoje do que no passado” (Masako Wada, 83).

Atualmente, o “Clube Atômico” é formado por 9 países: EUA, Russia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. Esse “clube”, que se esforça para se manter restrito, usa de todo esse potencial destruidor para tentar controlar o mundo. Armas capazes de destruir a vida na Terra como conhecemos mais de 10 vezes, usadas para uma absurda “pretensão” de manutenção da paz.

Jamais nos esqueceremos da “Rosa de Hiroshima”, “hereditária”, “radioativa”, “estúpida e inválida”. A paz mundial nunca estará atrelada a uma arma com tamanho potencial destrutivo e que deixou sequelas eternas na humanidade. A abolição de armas nucleares é a verdadeira medida pela paz que o mundo quer ver!