Guilherme Boulos pede que Agência Nacional de Aviação Civil proíba aéreas de cobrar nova taxa para que bagagens de mão não sejam despachadas

O líder do PSOL enviou ofício ao diretor-presidente da Anac questionando o posicionamento do órgão em relação às cobranças feitas livrementes por empresas como Gol e Latam

25 maio 2023, 14:49 Tempo de leitura: 2 minutos, 39 segundos
Guilherme Boulos pede que Agência Nacional de Aviação Civil proíba aéreas de cobrar nova taxa para que bagagens de mão não sejam despachadas

Não bastassem terem sido obrigados desde 2017 a pagar para despachar suas bagagens em viagens por companhias aéreas nacionais, turistas estrangeiros e viajantes brasileiros agora se deparam com as empresas cobrando uma taxa a título de “garantia” de que sua bagagem de mão será colocada antes e, assim, não será despachada. Para tentar reverter esse abuso, o líder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos (SP), enviou ofício ao diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Tiago Pereira, solicitando que o órgão reveja sua posição.

“Os passageiros já foram enganados com a conversa de que cobrar pelo despacho da bagagem iria baratear a passagem. Não baixou nada. Agora as companhias aéreas querem cobrar, sob nomes como ‘embarque premium’, por algo que já é direito dos passageiros, passando por cima dos direitos do consumidor, passando por cima de toda a legislação, para aumentar seus lucros. Não vamos aceitar mais esse abuso, não dá para deixar companhia aérea fazer o que quiser, por isso enviamos esse ofício para a Anac”, explica Boulos.

A companhia aérea Latam, por exemplo, está oferecendo um novo serviço aos passageiros que desejam garantir espaço para sua bagagem de mão dentro da aeronave. Chamado de Embarque Premium, o serviço custa R$ 10 e permite ao consumidor “furar a fila” dos demais viajantes. “Ao adquirir esse produto, você terá prioridade no embarque e poderá entrar no grupo 3 de 6, garantindo acesso prioritário aos compartimentos superiores da aeronave para guardar sua bagagem de mão”, promete a empresa em comunicado. Portanto, se o passageiro se atrasar, ele pode não conseguir acomodar suas malas.

O ofício destaca que não se trata de caso isolado, pois a Gol oferece “prioridade” na acomodação de bagagem de mão em um compartimento exclusivo para clientes com assentos GOL+ Conforto. Ocorre que todo passageiro tem direito a uma bagagem de mão de no mínimo 10 Kg. Segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Igor Britto, o Brasil precisa repensar se o seu turismo respeita os direitos dos consumidores. “O problema é como as companhias trabalham numa lógica de reconhecer que o serviço é ruim e demonstram isso vergonhosamente cobrando por conforto. Você paga a mais para ter um nível de conforto ridículo. Isso leva a conflitos entre pessoas porque elas são coagidas a colocar a mochila debaixo da poltrona, diminuindo ainda mais o espaço”, analisa.

Em seu ofício, Boulos argumenta que não se pode deixar as empresas livres para cobrarem pelo que quiserem, já que na lógica capitalista sem limite tudo vira um serviço a ser pago pelo consumidor sem qualquer interferência da Anac, desde a prioridade na entrada até o direito a ocupar antes um local para bagagem de mão. Além disso, o Brasil não tem nenhuma norma que trate de programas de fidelidade e milhagem, o que torna ainda mais aberto para as cias aéreas criarem novos serviços, privilégios e cobranças.

Foto: MyKe Sena/Câmara dos Deputados