Governo corta recursos da Operação Carro-pipa e PSOL pede que MPF investigue

Paralisação da Operação Carro-Pipa, que há mais de vinte anos leva água potável às famílias no semiárido nordestino, já afeta 1,6 milhões de pessoas

23 nov 2022, 19:21 Tempo de leitura: 1 minuto, 51 segundos
Governo corta recursos da Operação Carro-pipa e PSOL pede que MPF investigue

A bancada do PSOL na Câmara protocolou ofício solicitando que o Ministério Público Federal tome providências para a imediata instauração de Procedimento Administrativo de Acompanhamento de Política Pública, com participação de setores da sociedade civil, para investigar por que o governo federal realizou uma irresponsável supressão de verbas da Operação Carro-Pipa, que há mais de vinte anos leva água potável às famílias no semiárido nordestino. A medida afeta 1,6 milhões de pessoas.

Com os recursos cortados neste mês, os caminhões que fornecem água a moradores do interior de vários estados nordestinos estão parados. Segundo denúncia do portal UOL, o corte ocorreu logo após o segundo turno da eleição, no dia 30 de outubro, em que o presidente Jair Bolsonaro saiu derrotado. Segundo apuração do jornalista Carlos Madeiro, o primeiro estado a ter o abastecimento suspenso foi Alagoas, sendo seguido por Pernambuco, Paraíba e Bahia.

A suspensão pegou as Defesas Civis, pipeiros e moradores de surpresa. De praxe, cada família tem direito a 20 litros de água por dia a cada integrante assistido. Ou seja, se a casa tem cinco moradores, são 100 litros diários. “O corte no programa Operação-Pipa é mais uma clara ação do governo Bolsonaro, em seus momentos agonizantes, para confirmar seu desprezo pela dignidade humana do povo brasileiro e exercitar sua retaliação antidemocrática contra os nordestinos e nordestinas, por sua participação fundamental na derrota da extrema direita nas eleições”, afirma a líder Sâmia Bomfim (PSOL/SP).

No documento encaminhado ao subprocurador Federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, a bancada destaca a gravidade da medida e pede providências. “Diante desse contexto tão sombrio, impossível ignorar um dos fundamentos centrais da nossa República, o da dignidade da pessoa humana. É dever do Poder Executivo destinar recursos para políticas que atendam pessoas em situação de vulnerabilidade. Infelizmente, o atual núcleo do Governo Federal – capitaneado por Jair Bolsonaro e derrotado nas urnas – parece querer castigar o Nordeste brasileiro”, declaram.

[Foto: Divulgação/Alex Pimental/Diário do Nordeste]