Federação PSOL/Rede pede que MPF investigue Braga Netto pela nomeação de Rivaldo Barbosa

Bancada federal quer saber o motivo pelo qual o general e ex vice-presidente bancou a nomeação do delegado um dia antes da execução de Marielle Franco

26 mar 2024, 08:34 Tempo de leitura: 3 minutos, 0 segundos
Federação PSOL/Rede pede que MPF investigue Braga Netto pela nomeação de Rivaldo Barbosa

A Liderança do PSOL pediu ontem (25.03) que o Ministério Público Federal (MPF) investigue o general Walter Braga Netto por nomear o delegado Rivaldo Barbosa como chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Barbosa é apontado pela Polícia Federal como o “autor intelectual” da morte da vereadora e foi preso no domingo pela Polícia Federal (PF), junto com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão.

Naquele momento, em 2018, final do governo Temer, Braga Netto havia sido escolhido o interventor federal na segurança pública do Rio de janeiro, o que lhe deu poder para tomar todas as decisões da segurança do estado, inclusive na Polícia Civil e Militar. Depois disso, ele foi ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro e candidato à vice-presidência na chapa do ex-presidente em 2022.

No documento endereçado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, os parlamentares destacam que, segundo a PF, Braga Netto foi desaconselhado pela inteligência da Polícia Civil a indicar Rivaldo para chefiar a corporação.

O PSOL também argumenta que, à frente da Polícia Civil, Rivaldo ainda nomeou Giniton Lages — pessoa de sua confiança — para o cargo de delegado titular da Delegacia de Homicídios da capital, responsável por investigar o crime. Isso “operacionalizou a garantia da impunidade”, diz o PSOL, citando as investigações da PF.

Para o partido, Braga Netto colaborou para viabilizar a execução de Marielle e Anderson. “Em suma: ao nomear Rivaldo Barbosa, Braga Netto deu o poder necessário para o artífice — e uma das cabeças pensantes — da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes. Fica o questionamento: qual a motivação de Braga Netto para ignorar as ligações de Rivaldo Barbosa com a milícia?”, perguntam os parlamentares.

Ao todo, 13 deputados do PSOL assinam a representação. São eles: Erika Hilton (SP), Pastor Henrique Vieira (RJ), Célia Xakriabá (MG), Luciene Cavalcante (SP), Fernanda Melchionna (RS), Chico Alencar (RJ), Glauber Braga (RJ), Guilherme Boulos (SP), Ivan Valente (SP), Luiza Erundina (SP), Sâmia Bomfim (SP), Talíria Petrone (RJ) e Tarcísio Motta (RJ), além de Túlio Gadêlha (Rede/PE).

Segundo a líder da bancada do PSOL na Câmara, deputada federal Erika Hilton (SP), “nossa bancada recebe com esperança de que a Justiça seja feita, mas também com revolta os detalhes dos novos passos da investigação e da operação da PF”. Para a deputada federal Professora Luciene Cavalcante (SP), vice-líder do governo no Congresso Nacional, “o general Braga Netto deve explicações ao conjunto da sociedade, pois não apenas era o interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro, como nomeou o delegado Rivaldo Barbosa mesmo tendo contraindicação por parte da Inteligência. Braga Netto seguiu durante parte das investigações nesse posto. O que ele sabia? Por que, pautado em que, bancou a nomeação do delegado?”

Delação

Rivaldo Barbosa foi citado na delação de Ronnie Lessa. O delegado foi anunciado para o cargo em 22 de fevereiro, durante a intervenção federal no Rio, e empossado em 13 de março de 2018.

Rivaldo é suspeito de receber propina para obstruir investigações. Em relatório enviado ao Ministério Público do Rio em 2019, a PF afirmou que Rivaldo teria recebido R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre a autoria do crime.

Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados