Desaceleração do crescimento evangélico pode ter a ver com o bolsonarismo, diz Pastor Henrique

Na Câmara, deputado quer fortalecer as expressões culturais produzidas nas periferias, como o funk e o rap

17 jun 2025, 15:34 Tempo de leitura: 2 minutos, 9 segundos
Desaceleração do crescimento evangélico pode ter a ver com o bolsonarismo, diz Pastor Henrique

Dados do Censo 2022 divulgados em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram o crescimento de quase 24% na quantidade de evangélicos no país. O número é expressivo, mas representa uma desaceleração em relação ao avanço nas décadas anteriores. Para o deputado Pastor Henrique Vieira (RJ) a queda no ritmo de ascensão dos setores protestantes no Brasil tem relação com a partidarização da religião promovida pela extrema direita.

“A partidarização cria um ambiente de hostilidade, dividindo famílias. Parte da base evangélica pode estar se desgastando e achando isso excessivo. O bolsonarismo partidariza o púlpito e demoniza, criminaliza e persegue quem não adere a essa plataforma política ideológica. Isso é o que a extrema direita faz”, avalia Vieira.

O parlamentar diferencia a atuação da extrema direita da politização promovida pelo papa Francisco no período em que comandou a Igreja Católica. Para ele, enquanto o último buscava aproximar a teologia da ética de Cristo, o bolsonarismo tem uma prática nefasta, violenta e anti-evangelho de Jesus.

“O evangelho de Jesus tem amor ao próximo, partilha do pão, denúncia ao acúmulo de riquezas, respeito às diferenças, misericórdia, empatia e compaixão diante do sofrimento humano. Ou seja, o evangelho não é neutro diante das injustiças. Encontrar no evangelho um sentido político é diferente de tomar a igreja para a plataforma de algum político”, explica.

Ainda sobre os dados divulgados pelo IBGE, Vieira comemora o crescimento da quantidade de pessoas que declararam fazer parte de religiões de matriz africana. O Censo mostrou que o número de adeptos declarados dessas crenças triplicou. Para o deputado, a mudança tem ver com o avanço das pautas raciais no Brasil.

O parlamentar ainda destacou sobre o seu mais recente projeto de lei, que visa fortalecer as expressões culturais produzidas nas periferias, como o funk e o rap. Para ele, a recente prisão do MC Poze do Rodo demonstra que a extrema direita tenta criminalizar a arte e os artistas negros e de favelas.

“Há uma criminalização que não tem a ver com a letra da música. Tem a ver, na realidade, com o território de onde o artista vem e com a cor que o artista tem. O samba já foi perseguido, a capoeira já foi perseguida, as religiões de matriz africana foram e são perseguidas. Tem algo em comum aí”, analisa.

Foto: Kayo Magalhães / CD