Deputadas do PSOL barram homenagem a Damares Alves
Muna Zeyn, indicada por Luiza Erundina, foi uma das vencedoras
11 nov 2022, 13:09 Tempo de leitura: 3 minutos, 2 segundosOnze finalistas estavam cotadas para receber o diploma Carlota Pereira de Queirós de 2022, premiação da Câmara dos Deputados, entre elas, a ex-ministra Damares Alves. A condecoração contempla anualmente mulheres que tenham contribuído para as questões de gênero e é oferecida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
Pela ofensa que seria esse tipo de homenagem a alguém que deve tanto à justiça e às mulheres brasileiras, toda bancada feminina do PSOL se mobilizou para barrar o nome de Damares na reunião deliberativa realizada na terça-feira (9/11) que elegeu as cinco ganhadoras.
A Líder da bancada do PSOL na Câmara, a deputada Sâmia Bomfim elencou diversas atuações de Damares que seriam contraditórias com a defesa das mulheres:
“Primeiro por ter aceitado ser ministra da Mulher em pleno governo Bolsonaro, que felizmente foi derrotado nas urnas neste segundo turno e foi derrotado principalmente pelas mulheres brasileiras, pela juventude, pelas negras, pelos negros e pelas mulheres, que são os setores que mais sentem os impactos de uma política antipovo. O Bolsonaro tem histórico de machismo, de desrespeito, botou o pior orçamento da história para o enfrentamento à violência contra as mulheres. E quem aceita ser ministra da Mulher de um cara como esse? Bom, já é sinal do que ela está disposta a fazer”, contestou a parlamentar.
A líder também lembrou que, logo no primeiro ano de governo, ao lançar o programa Abrace o Marajó, a então ministra minimizou um problema grave de exploração sexual relacionando a situação à falta de uma fábrica de calcinhas no arquipélago paraense. Segundo ela, meninas seriam estupradas por não usarem a peça íntima. Mais recentemente, Damares passou a ser investigada por supostamente ter mentido sobre uma denúncia de exploração sexual na mesma região para angariar votos para Bolsonaro, durante a campanha eleitoral.
As cinco ganhadoras do Diploma Carlota de Queirós deste ano são: Muna Zeyn, Elaine Cristina Pimentel Costa, Simone Franceska Pinheiro Chagas, Dalva Christofoletti Paes da Silva e Erica Vericia Canuto de Oliveira Veras.
Muna Zeyn, foi o nome indicado por Luiza Erundina (PSOL-SP), com apoio das demais deputadas da bancada. Ativista dos direitos da mulher, participou da elaboração e construção do relatório anual do Governo Federal sobre investimento de políticas públicas para as mulheres, da criação do Projeto de Lei da Brinquedoteca e da elaboração do projeto de lei sobre o direito da gestante a um parto seguro. Foi apresentadora do programa “ALL TV Mulher”, do programa de rádio “A hora e a vez das Mulheres”, do programa “Palavra de Mulher” na rádio Tupi (AM) e do programa “Palavra de Mulher” na rádio USP, em 2009. Como membro titular do Comitê de Vigilância à Mortalidade Materna do Estado de São Paulo, também ajudou a instalar os comitês de mortalidade materna nos diversos municípios do estado.
Criada em 2003 pela Casa, a premiação contempla mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania, na defesa dos direitos da mulher e em questões de gênero no Brasil. O troféu presta homenagem à paulista Carlota, nascida em 1892, que foi a primeira brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Médica, escritora, pedagoga e política, Carlota também participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.
Nesses 16 anos, o diploma já homenageou 50 mulheres, entre elas, Elza Soares, Marielle Franco, Zilda Arns, Ceci Cunha e Maria da Penha.
[Foto: Fabio-Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil]