Célia Xakriabá destina R$ 500 mil em emendas para municípios gaúchos que abrigam territórios indígenas

No total, Bancada do Cocar empenhou R$ 1 milhão em recursos, que serão direcionados para ações da saúde e defesa civil

27 maio 2024, 12:28 Tempo de leitura: 3 minutos, 24 segundos
Célia Xakriabá destina R$ 500 mil em emendas para municípios gaúchos que abrigam territórios indígenas

As deputadas federais Célia Xakriabá (PSOL/MG) e Juliana Cardoso (PT/RS), em um esforço conjunto da Bancada do Cocar para socorrer os municípios do Rio Grande do Sul que abrigam territórios indígenas e que tenham decretado estado de calamidade, destinaram um total de R$ 1 milhão através de emendas individuais.

Célia Xakriabá destinou R$ 500 mil, articulando com a deputada Júlia Cardoso a soma de mais R$ 500 mil, totalizando assim R$1 milhão. Esses recursos serão especificamente direcionados para a saúde básica e especializada em municípios gaúchos que possuem territórios indígenas e estão em estado de calamidade.

“Essa é uma situação de desastre, que transcende as questões identitárias, sociais, territoriais, urbanas. É preciso pontuar também que o racismo ambiental atinge essas  comunidades que têm cor, têm identidade e elas acabam sendo invisibilizadas nesse processo”, explica a deputada Célia Xakriabá. “Entendemos que temos que atuar não somente para curar, mas sobretudo para não adoecer. Temos que atuar não somente para reconstruir, mas para atuar no monitoramento para que não haja novos desastres como este no RS, que poderia ter sido de menores proporções caso a ciência e os estudos tivessem sido levados em conta por aqueles que governam o estado. É importante dizer que essa tragédia climática e o negacionismo também acabam sendo cada vez mais acentuados pelo modo como as pessoas votam as questões ambientais no Congresso Nacional.”

“Temos nos posicionado fortemente sobre o tema das Emergências Climáticas para que a Mãe Terra não entre em colapso, por isso, junto com a deputada Célia Xacriabá, indicamos esse recurso financeiro para o Rio Grande do Sul. A meta é atender imediatamente a população gaúcha, mas entendemos que esse é um remédio provisório”, declara a deputada Juliana Cardoso. “A real causa desses desastres é uma tragédia anunciada, patrocinada por governos e autoridades constituídas que nunca priorizaram a questão da preservação ambiental, privilegiando o agro, o garimpo e as forças do mercado. A conta está chegando.”

As deputadas irão se reunir para definir os detalhes da aplicação dos recursos, assegurando que a ajuda seja eficaz e atenda às necessidades emergenciais dessas comunidades. O compromisso é de que as verbas sejam utilizadas de forma a proporcionar alívio imediato e suporte contínuo para a recuperação dessas áreas.

No dia 7 de maio, o governo federal autorizou deputados e senadores a remanejar suas emendas individuais para ações de socorro no Rio Grande do Sul. Este remanejamento extraordinário permitirá que os recursos sejam direcionados para áreas como Saúde, Defesa Civil e Assistência Social, conforme anunciou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Enchente impactou 80 comunidades indígenas

As chuvas e enchentes sem precedentes que atingiram o Rio Grande do Sul tiveram um impacto devastador, especialmente nas comunidades indígenas. De acordo com dados obtidos pelo esforço colaborativo do Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul, Comissão Guarani Yvyrupa, Fundação Luterana de Diaconia, Conselho de Missão entre Povos Indígenas, Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia, e o Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul, mais de 80 comunidades e 30 mil indígenas foram severamente afetadas.

O mapeamento aponta que comunidades dos povos Guarani Mbya, Kaingang, Xokleng e Charrua, distribuídas por 49 municípios do estado, estão em condições críticas. As situações mais urgentes incluem as comunidades Guarani Mbya em Lami e da Ponta do Arado em Porto Alegre, com 18 famílias afetadas; Yva’ã Porã em Canela, com 16 famílias; Flor do Campo e Passo Grande Ponte em Barra do Ribeiro, com 25 famílias; e a aldeia Araçaty em Capivari do Sul, com 19 famílias.

Essas famílias tiveram que abandonar suas casas e buscar refúgio em áreas mais altas devido ao perigo de inundações e deslizamentos de terra.

Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados