“Caça comunistas”: Talíria Petrone pede instalação de CPI para investigar grupos nazifascistas e paramilitares

Proposta surgiu após investigação da PF sobre uma organização autodenominada "Comando C4", referência a Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos

30 maio 2025, 10:17 Tempo de leitura: 2 minutos, 5 segundos
“Caça comunistas”: Talíria Petrone pede instalação de CPI para investigar grupos nazifascistas e paramilitares

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL/RJ) propôs na Câmara dos Deputados um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de grupos de orientação nazifascista em território nacional, incluindo organizações paramilitares ilegais, grupos de extermínio com motivações políticas, redes de incitação ao ódio nas redes sociais e conexões com agentes públicos ou privados que financiam ou incentivem práticas antidemocráticas, discriminatórias e violentas.

O pedido decorre de uma operação na última quarta-feira (28) em que a Polícia Federal desmantelou um grupo autodenominado “Caça aos Comunistas”, que operava como uma organização paramilitar clandestina. Este grupo é acusado do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em Mato Grosso, e de planejar atentados contra autoridades públicas, incluindo o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

As investigações revelaram que o grupo utilizava métodos sofisticados de espionagem, como o uso de drones e infiltração por meio de prostitutas, para monitorar e coletar informações sobre seus alvos. Além disso, cobravam até R$ 250 mil por serviços de espionagem, demonstrando um nível alarmante de organização e financiamento.

“É um fato gravíssimo! Há suspeitas da existência de redes de financiamento e apoio político a tais grupos, o que representa grave ameaça à democracia, à segurança pública e aos direitos humanos no Brasil. O avanço da extrema-direita armada e organizada exige pronta resposta institucional e investigação profunda por parte do Parlamento brasileiro”, afirma Talíria.

A criação da CPI pretende investigar a atuação de grupos nazifascistas no Brasil, buscando compreender sua estrutura organizacional, articulações e métodos de ação e apurar a eventual presença desses grupos em órgãos públicos ou forças de segurança, bem como rastrear suas fontes de financiamento, conexões políticas e inserção em redes digitais.

“Não se trata de um caso isolado. Entre 2019 e 2021, o número de células de grupos neonazistas no Brasil cresceu mais de 270%. São mais de 500 células ativas. E quem estava no poder? Aqueles mesmo que exaltam o torturador Ustra. Repito: não é um caso isolado, é um fato que a Câmara precisará enfrentar de forma contundente. A bancada do PSOL vai começar a coletar as assinaturas para uma CPI, para que este passado tenebroso nunca mais volte”, disse Talíria.

Foto: Vinicius Loures / CD