“Atrasado é o Estado que só agora pede perdão aos indígenas”, diz Célia Xakriabá em julgamento na Comissão de Anistia
Parlamentar do PSOL afirmou que a reparação às vítimas indígenas da Ditadura tem que vir em forma de demarcação
4 abr 2024, 11:27 Tempo de leitura: 2 minutos, 11 segundosParlamentar do PSOL afirmou que a reparação às vítimas indígenas da Ditadura tem que vir em forma de demarcação
Em discurso durante o julgamento de reparação coletiva aos povos Krenak e Guyraroká, na Comissão de Anistia, nesta terça-feira (2), a deputada Célia Xakriabá (MG) afirmou que a aprovação do pedido de perdão inédito por violações na ditadura contra os indígenas
representou um momento histórico. Para a parlamentar do PSOL, o Brasil demorou demais para reconhecer a sua responsabilidade.
“Quando falam que os povos indígenas são atrasados, é atrasado também o Estado brasileiro, que só agora, em pleno 2024, vem pedir perdão aos povos indígenas. É importante pedir perdão, mas é crucial não continuar assassinando os povos indígenas, pois a reparação, neste momento, é pensar na demarcação”, enfatizou.
Na sessão desta terça-feira na Comissão de Anistia foram aprovados os pedidos de reparação dos povos indígenas Krenak e Guyraroká, bem como o caso dos nove chineses, membros da missão diplomática da China no Brasil.
O pedido de reparação coletiva em nome dos povos indígenas foi apresentado pelo Ministério Público Federal há nove anos, e apenas após alterações no regimento da Comissão pôde ser efetivamente analisado. Os povos Krenak e Guyraroká foram perseguidos e expulsos de suas terras durante a ditadura militar, com abusos que foram documentados pela Comissão Nacional da Verdade, que aponta cerca de 8.300 mortes de indígenas nesse período devido à ação ou omissão do Estado brasileiro.
Dengue entre a população indígena
A deputada Célia Xakriabá encaminhou nesta quarta-feira (3) um pedido de informações ao Ministério da Saúde sobre a situação da epidemia de dengue entre a população indígena. De acordo com dados do Datasus, foram registrados 6647 casos prováveis, sendo que 28% deste número apenas no estado de Minas Gerais.
A parlamentar expressou preocupação diante das recentes mortes relacionadas à dengue em Terras Indígenas (TIs) e destacou a importância da imunização contra a doença para garantir a saúde e o bem-estar dos povos indígenas.
“Assim como eu disse durante a pandemia da covid, a ausência do Estado tem acelerado muito mais a mortalidade nos territórios indígenas. Assim como os indígenas aldeados foram do grupo prioritário durante a pandemia, é preciso ter esse mesmo olhar durante a epidemia de dengue, a maior já enfrentada pelo Brasil”, argumentou a parlamentar.
Foto: Bruno Stuckert