Após pressão, Célia Xakriabá integrará comissão externa da Câmara para acompanhar crise Yanomami

Formação inicial era composta majoritariamente por bolsonaristas que votaram a favor do marco temporal

22 maio 2024, 12:21 Tempo de leitura: 1 minuto, 36 segundos
Após pressão, Célia Xakriabá integrará comissão externa da Câmara para acompanhar crise Yanomami

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL- MG) irá compor a Comissão Externa, autorizada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para acompanhar a crise humanitária que atinge os povos indígenas Yanomami. A criação da comissão gerou polêmica por ser composta majoritariamente por parlamentares bolsonaristas que votaram a favor do Marco Temporal das terras indígenas em maio passado. A única exceção até então era a deputada Gisela Simona (União-MT), que não participou da votação.

A inclusão de Célia Xakriabá na comissão foi articulada pela líder da bancada do PSOL na Câmara, deputada Érika Hilton, junto a Lira.

“Era contraditório eu, sendo uma parlamentar indígena, não fazer parte dessa comissão que alega se preocupar com a condição dos Yanomami. É necessário ter os dois lados representados”, afirmou a deputada sobre sua participação. “Como está configurada, é uma comissão violenta que parece ter como principal objetivo monitorar e criminalizar o povo yanomami ou aqueles que estão realizando ações na região.”

A deputada considera “desumano” que a oposição utilize a pauta dos yanomami para contrapor e questionar o governo Lula. “É incoerente que a mesma comissão que votou unanimemente a favor do marco temporal agora diga estar preocupada com a questão yanomami.”

Célia explicou que reivindicou sua participação na comissão externa por ser sua responsabilidade, enquanto parlamentar indígena, integrar a composição para a defesa dos povos yanomami.

“Fui a primeira parlamentar a visitar o território Yanomami em 2023 para acompanhar de perto a gravíssima crise enfrentada por aquele povo, causada pelo aumento de 54% do garimpo ilegal em suas terras e pelo genocídio incentivado pelo governo Bolsonaro. Seria, no mínimo, ilógico que eu não fizesse parte desta comissão.”

Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados