Deputada Célia Xakriabá pede escolta policial após ameaça de violência física no Congresso

“Não se trata apenas de uma violência contra mim. É uma tentativa de silenciar todas as mulheres e todos os povos indígenas que represento”

2 dez 2025, 20:12 Tempo de leitura: 2 minutos, 1 segundo
Deputada Célia Xakriabá pede escolta policial após ameaça de violência física no Congresso

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) encaminhou, nesta terça-feira (2), um ofício ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao Departamento de Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados solicitando a adoção urgente de medidas de proteção à sua integridade física. O pedido inclui análise de risco e disponibilização de escolta policial.

A solicitação foi protocolada após um episódio grave registrado na semana passada, durante sessão do Conselho de Ética. Inconformado com o relatório que recomendou o arquivamento de uma representação, o deputado Coronel Meira (PL/PE) afirmou publicamente que Célia Xakriabá “merecia levar uma bofetada”, configurando ameaça direta contra uma parlamentar mulher e indígena. “Não se trata apenas de uma violência contra mim. É uma tentativa de silenciar todas as mulheres e todos os povos indígenas que represento. O Congresso não pode normalizar a agressão como ferramenta política”, afirmou a deputada.

No documento enviado às autoridades, a deputada destaca que o caso não é isolado. Segundo ela, a violência política contra lideranças indígenas, mulheres, pessoas negras e outras identidades dissidentes é recorrente no Parlamento e se intensificou nos últimos anos. O texto menciona episódios recentes de ataques racistas e misóginos sofridos pela deputada, incluindo agressões durante a votação do PL 2159/2021, conhecido por organizações da sociedade civil como “PL da Devastação”.

Célia Xakriabá, única deputada indígena aldeada em exercício no Congresso Nacional e presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, afirma que a hostilidade sistemática contra sua atuação parlamentar cria risco concreto à sua segurança e compromete o pleno exercício do mandato.

O ofício lembra que a Câmara dos Deputados tem registrado episódios de radicalização extrema, com parlamentares armados ou que incentivam o armamento como instrumento de disputa política. Para a deputada, esse ambiente de tensão reforça a necessidade de atuação coordenada dos órgãos de segurança.

Diante desse cenário, ela solicita a adoção imediata de medidas de proteção dentro e fora da Câmara, incluindo escolta da Polícia Legislativa em deslocamentos internos e análise, por parte da Polícia Federal, de medidas protetivas previstas na legislação federal.

Foto: Zeca Ribeiro / CD