Célia Xakriabá leva voz das mulheres indígenas à marcha por justiça climática na COP30

Junto com a ministra Sônia Guajajara, a deputada do PSOL participou da marcha das mulheres por justiça climática, que retomou simbolicamente o elo entre as mobilizações de 1992 e 2025

17 nov 2025, 13:44 Tempo de leitura: 2 minutos, 18 segundos
Célia Xakriabá leva voz das mulheres indígenas à marcha por justiça climática na COP30

A deputada federal Célia Xakriabá (MG) teve participação de destaque na marcha Mulheres por Justiça Climática – Do Mar da Rio 92 às Águas de Belém na COP30, realizada na manhã deste domingo (16.11) em Belém do Pará. O ato, que reuniu cerca de 200 mulheres, retomou a trajetória iniciada há 33 anos no Planeta Fêmea, da Eco-92, e reafirmou o compromisso feminista e antirracista na defesa da vida, dos territórios e da justiça climática.

Ao lado de outras lideranças femininas e indígenas, a deputada do PSOL reforçou o sentido político da mobilização, destacando as desigualdades climáticas vividas por mulheres que enfrentam simultaneamente violências territoriais, de gênero e ambientais. Segundo ela, o ato simboliza a continuidade das lutas das mulheres que, desde a década de 1990, denunciam o avanço do desmatamento, da mineração e da exploração dos territórios tradicionais.

Célia afirmou que as cartas transportadas no Barco Feminista – escritas por mulheres de diferentes regiões do país – representam trajetórias interrompidas por violências estruturais. Em sua fala, citou referências históricas como Tuíra Kayapó e relembrou casos emblemáticos de violência contra mulheres indígenas, negras e trans. “Essas cartas carregam memórias de dores e resistências que continuam a nos convocar”, disse.

Após o desembarque na Estação das Docas, as participantes caminharam até a Praça da República em um percurso marcado por cantos, tambores, performances e leitura de trechos das cartas. O ato reuniu mulheres indígenas, quilombolas, ribeirinhas, negras, jovens, moradoras de áreas urbanas e representantes de movimentos latino-americanos.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também participou da marcha e ressaltou a importância de fortalecer a presença das mulheres nos espaços de decisão e na proteção dos territórios. Ela afirmou que “a coragem das mulheres tem aberto caminhos para que novas gerações possam sonhar em ocupar esses espaços”.

Deputada destaca permanência das desigualdades e a força da mobilização

Para Célia Xakriabá, muitos dos problemas denunciados em 1992 persistem, especialmente nos territórios indígenas e tradicionais. A deputada enfatizou que a justiça climática está diretamente ligada à justiça de gênero e à luta contra o racismo ambiental.

A marcha encerrou-se na Praça da República, onde foi exibido o vídeo “Planeta Fêmea”, produzido na Eco-92, retomando simbolicamente o elo entre as mobilizações de 1992 e 2025. O ato homenageou ainda as paraenses Antônia Ferreira dos Santos e Marly Vianna Barroso, quebradeiras de coco babaçu assassinadas em novembro e lembradas como defensoras da floresta e dos territórios tradicionais.