Talíria Petrone preside na Comissão de Cultura audiência pública para debater ações afirmativas no audiovisual
Mais de 90% dos projetos com orçamento superior a R$ 5 milhões, pelo Fundo Setorial do Audiovisual, foram dirigidos e roteirizados por pessoas brancas
4 set 2025, 16:45 Tempo de leitura: 1 minuto, 56 segundos
A deputada Talíria Petrone (RJ) presidiu uma audiência pública a partir de requerimento de sua autoria para debater as ações afirmativas no audiovisual brasileiro. O encontro, que teve a participação de lideranças do movimento negro e do audiovisual, foi promovida pela Comissão de Cultura da Câmara.
“O cinema negro é o cinema brasileiro. Por isso, a afirmação de pessoas negras no audiovisual brasileiro é fundamental para fortalecer a própria democracia no nosso país. E a gente quer firmar nossa democracia para aprofundá-la, porque ela nunca chegou a muitas das camadas sociais populares do Brasil, como é o caso das pessoas negras”, afirmou a deputada.
A audiência pública tratou da inclusão de empresas comprometidas com a reparação histórica na promoção de ações afirmativas no audiovisual nacional. Segundo Talíria, essa medida é essencial para ampliar a justiça econômica e promover a mobilidade social de grupos historicamente marginalizados. Para ela, as ações afirmativas devem contemplar não apenas indivíduos, mas também agentes econômicos.
Um levantamento da publicação “Cinemateca Negra”, que mapeou 1.104 filmes, incluindo longas, curtas e médias metragens, dirigidos por uma ou mais pessoas negras desde a década de 40, mostra que 83% de toda essa produção surgiu entre as décadas de 2010 e 2020 e que, historicamente, há baixa prevalência de longas produzidos por esse público no Brasil.
Dados do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) evidenciam essas desigualdades: embora o FSA movimente cerca de R$ 1,2 bilhão por ano, a participação de pessoas negras e indígenas em cargos de liderança e com maior remuneração não ultrapassa, em média, 15%. Além disso, mais de 90% dos projetos com orçamento superior a R$ 5 milhões foram dirigidos e roteirizados por pessoas brancas.
“Quando a gente olha para um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira e a gente vê que há não só uma subrepresentividade, mas também dificuldade de permanência de pessoas negras nele, essa é a expressão de uma democracia torta”, avaliou a parlamentar.
Para Talíria, as empresas audiovisuais geridas majoritariamente por pessoas negras e indígenas apresentam elevado potencial de impacto socioeconômico em seus territórios.
Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados