Jesus não nasce no Palácio para ser herdeiro, ele subverte a lógica de poder (Por Pastor Henrique Vieira)
"Sou pastor mas a minha fé não é um instrumento de poder e de domínio. Eu não quero usar o Parlamento e a Tribuna para fazer lobby religioso, quero celebrar a diversidade e respeitar as diferentes crenças religiosas e a não crença religiosa"
19 dez 2024, 20:36 Tempo de leitura: 1 minuto, 38 segundosNo dia 25 de dezembro é celebrado o nascimento de Jesus Cristo pelos cristãos. O Natal é uma data que inspira a generosidade, o amor ao próximo e a solidariedade. O que mais me marca nesse nascimento subversivo de Jesus, é que Deus, ao se fazer carne, se faz classe: filho de família pobre e periférica, o menino Jesus cresce aos cuidados de sua mãe Maria e do carpinteiro José. Não nasce no Palácio para ser herdeiro do poder, nem na alta cúpula do exército romano, para ser um guerreiro com arma na mão. Ele subverte a lógica do poder, e se faz como um de nós, para que por meio do amor, apresente uma nova forma de ser consigo, com o outro, com Deus.
Sou pastor mas a minha fé não é um instrumento de poder e de domínio. Eu não quero usar o Parlamento e a Tribuna para fazer lobby religioso, quero celebrar a diversidade e respeitar as diferentes crenças religiosas e a não crença religiosa. A minha agenda na Câmara dos Deputados é em defesa dos Direitos Humanos, da justiça social, do respeito à democracia, do Estado laico, da soberania alimentar e do combate à fome. Uma das tarefas do meu mandato, como um pastor, é demonstrar que a fé não tem que ser instrumento de medo, de correção, de domínio, de violência e de imposição, ela deve ser filtrada pelo amor e ao serviço da dignidade.
A tarefa do nosso mandato é fazer um contraponto ao fundamentalismo religioso. Estamos comprometidos com o nosso povo humilde simples trabalhador que luta para sobreviver e viver com dignidade em um dos países mais desiguais do mundo.
Jesus não nasceu em palácios, nasceu em uma manjedoura. Seu nascimento mostra como veio para se identificar com as pessoas mais pobres e necessitadas.
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados