O PAÍS DA JOGATINA? (Por Chico Alencar)
Essa febre das apostas - o volume médio mensal de transferências via pix para sites de jogos é de R$ 20 bi!!! - diz bastante sobre o que somos como sociedade.
3 out 2024, 16:15 Tempo de leitura: 1 minuto, 14 segundosMuitos acreditam que só conseguirão progredir na vida individualmente, e num “golpe de sorte”.
Há uma grande (e compreensível) descrença nos valores da educação e do trabalho como caminho de oportunidade para uma vida digna.
Há descrédito também nas políticas públicas de promoção social. É o reinado do “cada um por si”.
Até os mais pobres, que dependem do Bolsa Família para sobreviver, fazem sua “fezinha”: 5 milhões de beneficiários gastaram R$ 3 bi nos jogos on-line, apenas em agosto!
A corrupção – cupim da República -, claro, está presente nesse universo das bets: investigam-se “acertos” de jogadores de futebol profissional para produzir resultados e há 500 a 600 sites de apostas irregulares, sugando dinheiro inclusive dos mais vulneráveis. É o que o ministro Haddad chama de “dependência psicológica dos jogos”.
Todo vício é, de alguma forma, uma degeneração da virtude: é natural o desejo de prosperar, de “subir na vida”. Mas jogar tanto em apostas, ficar “prisioneiro” das tais bets, com sua propaganda avassaladora, é enredar-se na ilusão.
O governo federal, corretamente, vai fechar centenas de sites mutreteiros. Tire seu dinheirinho de lá o quanto antes!
Os poderes da República precisam criar regras mais rigorosas para esse “mercado” doentio (e lucrativo para uns poucos) das operadoras. E para o combate educativo ao vício em jogos.
O Brasil não pode se tornar um imenso cassino virtual!
Charge: Orlando Pedroso / Reprodução Canal Meio