Onde estão as mulheres na política? É preciso enfrentar a colonialidade e o patriarcado para a política também ser feminina (Por Talíria Petrone)
O site do Brasil de Fato publicou um artigo da deputada federal Talíria Petrone (PSOL/RJ) sobre as mulheres na política. Leia abaixo um trecho da publicação:
9 ago 2024, 11:14 Tempo de leitura: 2 minutos, 8 segundosOnde estão as mulheres na política? É preciso enfrentar a colonialidade e o patriarcado para a política também ser feminina. Nas eleições de 2024, as mulheres são apenas 1 em cada 5 pré-candidatos às prefeituras das capitais.
Não há democracia sem mulheres na política. É mais do que urgente debatermos ações que garantam a maior participação feminina no poder. Somos uma nação de 104 milhões de mulheres, o que corresponde a 51% da população brasileira. Precisamos de leis escritas por mulheres e para mulheres. No entanto, desde o início da República, em 1889, o país teve uma única presidenta, Dilma Rousseff, e 16 governadoras mulheres. Dessas, só oito foram eleitas para o cargo. As demais eram vice-governadoras que ocuparam o posto com a saída do titular.
Os dados revelam a nossa história em uma sociedade patriarcal. Superamos o colonialismo, mas ainda precisamos enfrentar a colonialidade. E a questão de gênero é fundamental na busca dessa reparação. Gênero e raça, precisamos dizer. Afinal, sempre foi um projeto que não fôssemos parte da política. Vejam só: apenas com o Código Eleitoral de 1932, há 90 anos, o voto feminino foi autorizado em todo o Brasil.
Hoje, na Câmara dos Deputados, há 423 homens e 90 mulheres. Ou seja, mais de 80% de homens. Se grande era o que nos afastava de participar da vida política, maior ainda foi a nossa vontade, nosso enfrentamento e nosso desejo de representar nossas lutas e dores. Mas sabemos que não é fácil. Somos constantemente vítimas de violência de gênero no parlamento. Desde quando ingressei na política, foram várias ameaças de morte das milícias e de grupos de ódio, o que limita o exercício pleno do meu mandato. Se antes eu podia circular livremente, agora preciso andar em um carro blindado e com escolta 24 horas.
Essa violência nos adoece e mata. Marielle Franco não está mais aqui entre nós. Minha querida colega, a deputada estadual Renata Souza (PSOL/RJ) — que está grávida — recebeu recentemente ameaças de morte por e-mails. As intimidações foram encaminhadas também para o correio eletrônico de sua equipe. O conteúdo foi assinado supostamente por um homem e possui trechos racistas e misóginos. “Macaca vagabunda” e “puta preta”. Não há limites para a violência. Mas nenhum tipo de ameaça pode ser naturalizado.
Leia o artigo na íntegra neste link.
https://www.brasildefato.com.br/2024/07/19/onde-estao-as-mulheres-na-politica-e-preciso-enfrentar-a-colonialidade-e-o-patriarcado-para-a-politica-tambem-ser-feminina