Deputadas do PSOL querem Tibira do Maranhão em Livro dos Heróis da Pátria
Neste Dia Nacional dos Povos Indígenas, Célia Xacriabá (MG) e Erika Hilton (SP) protocolam Projeto de Lei que homenageia indígena executado por ser homossexual, em 1614
19 abr 2023, 17:57 Tempo de leitura: 2 minutos, 14 segundosNesta quarta-feira, 19 de abril, as deputadas Célia Xakriabá e Erika Hilton protocolaram um Projeto de Lei tornando Tibira do Maranhão em Herói da Pátria.
“Indígena e homossexual, Tibira do Maranhão foi executado em 1614, com uma bala de canhão, pelos que faziam do Brasil uma colônia subserviente, e que tinham como objetivo dizimar os povos originários, acabar com suas culturas e despi-los de qualquer orgulho que tinham de si”, destacou Célia Xakriabá
“No primeiro caso de homofobia noticiado em nossa história, Tibira foi executado pelos que faziam do Brasil uma colônia e dizimavam os povos originários Hoje, se faz necessário de reconhecer o heroísmo de Tibira do Maranhão, ao ousar ser quem se era e por defender seu território”, disse Érika Hilton.
Quem foi Tibira
No livro “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614”, o missionário francês Yves d’Évreux, da Ordem dos Capuchinhos, narra a execução que ele mesmo condenou de um indígena tupinambá que foi amarrado vivo na boca de um canhão instalado no Forte de São Luís do Maranhão, com a anuência de demais religiosos da Igreja Católica em missão no Brasil.
Quando os franceses e nativos presentes lançaram fogo, parte do corpo de Tibira caiu em terra e o restante foi lançado e desapareceu no mar. Este é o primeiro registro detalhado de homofobia em território brasileiro.
Tibira foi perseguido e torturado sob ordenação de d’Évreux pela prática da “sodomia” e por, segundo ele, parecer “no exterior mais homem”, mas ser “hermafrodita” e ter “voz de mulher”. Sua história foi resgatada pelo sociólogo e antropólogo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia e fundador da organização não-governamental Grupo Gay da Bahia. Em 2014 ele publicou “São Tibira do Maranhão — Índio Gay Mártir”, um livro com o relato da execução do personagem histórico e uma contextualização do caso.
Dia dos Povos Indígenas
Dia 19 de abril passou a ser celebrado o Dia dos Povos Indígenas, em substituição ao Dia do Índio. O projeto para a mudança de nome é de autoria da então deputada federal indígena Joenia Wapichana, hoje presidente da Funai, e foi aprovado em julho do ano passado. “O propósito é reconhecer o direito desses povos de, mantendo e fortalecendo suas identidades, línguas e religiões, assumir tanto o controle de suas próprias instituições e formas de vida quanto de seu desenvolvimento econômico”, afirmou a ministra.