17 de abril, Dia Internacional de Luta pela Terra (Por Chico Alencar)
"A caminhada pacífica começou no dia 10 de abril, mas foi interrompida com sangue e morticínio. Há 28 anos"
19 abr 2024, 12:04 Tempo de leitura: 1 minuto, 40 segundosO dia 17 de abril é um dia para sempre marcado na história dos trabalhadores rurais sem-terra do Brasil.
Foi nesse dia, há 28 anos, que ocorreu o massacre de Eldorado do Carajás. Cerca de 1,5 mil sem-terra estavam acampadas na curva do S, no município do sudeste do Pará. O objetivo era marchar até a capital, Belém, e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra.
A caminhada pacífica começou no dia 10 de abril, mas foi interrompida com sangue e morticínio por um ataque promovido pela Polícia Militar. 155 policiais militares participaram da operação, que deixou 21 camponeses mortos!
Depois do massacre, 17 de abril se tornou o Dia Internacional de Luta pela Terra.
A fazenda Macaxeira, cujo proprietário foi um dos mandantes do crime, foi desapropriada, dando lugar ao assentamento 17 de Abril.
Dos policiais envolvidos no massacre, somente o coronel Mário Pantoja e o major José Maria de Oliveira, comandantes da PM na operação, foram condenados, mas cumprem pena em liberdade.
No local do massacre, considerado sagrado pelo movimento, foi erguido o “Monumento das Castanheiras Queimadas”, para que nunca mais se esqueça do que aconteceu ali.
Desde então, abril é considerado o mês de luta do MST. Conhecido como “Abril Vermelho”, este mês é marcado por mobilizações em todo o país.
Na terça-feira (16), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), a extrema direita, em resposta ao “Abril Vermelho”, tentou emplacar uma série de projetos contra o movimento social e a luta pela terra.
Um deles (PL 8262/2017) permite ação policial para retirar ocupantes de propriedade privada sem necessidade de ordem judicial. Uma verdadeira licença para novos massacres, onde sem-terras, indígenas, quilombolas e ribeirinhos são o alvo. Absurdo completo. Foi pedido vista do processo, mas continuaremos atentos. Nosso embate segue na CCJC, para barrar qualquer retrocesso.
Viva a luta pela terra e por dignidade!
Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados